segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Lago dos espelhos

Uma névoa de silencio cobre toda a extensão do lago. A ausência de som é enorme, causando me afronta aos meus próprios desejos. Meu corpo flutua na superfície deste lago acima da profundidade infinita de minha consciência. Quanta monotonia para um só corpo de duas almas? Dentro dos desejos existem uma infinidade perguntas e respostas e isto é obvio, porem nem toda resposta é inteiramente completa, assim também, nem toda resposta pode ser compreendida por alguém, existem bilhões de variáveis a favor e contra a maré . Então, qual seria a razão para esta busca insana de respostas? Dizem que é preciso mergulhar em águas profundas na busca da reconciliação de suas vontades. Sendo assim não tenho opção neste momento, acho que terei que me afundar no lago da minha consciência, nas águas de quem eu sou. Respiro fundo, preencho meus pulmões com ar e medo e começo a mergulhar. A Água é cristalina, pura e limpa... Posso ver debaixo d’água uma quantidade incontável de pequeninas esferas azuis, elas são brilhantes como as pedras preciosas. Estão por todo o perímetro abaixo do lago, é algo incrível surreal e magnífico. Elas se movimentam vagarosamente brincando com suas coreografias. Deixei de lado o belíssimo show, pois restava-me um pouco de ar , mas não queria submergir. E então olho para superfície e depois para o fundo, foi quando vi uma luz forte na lateral rochosa do lago, era uma entrada, uma pequena gruta. Com alguns segundos de fôlego resolvo entrar na gruta. Mergulho rapidamente para a luz e rogando para que não seja a famosa luz do fim. A pressão fazia zunir minha audição, estava chegando ao limite e o ar era pouco. Mas eu consigo chegar até a gruta. Nado rapidamente e sem saber o porquê de estar ali, o porquê de estar correndo o risco de me afogar dentro de mim mesmo. Passaram alguns segundos, que pareciam intermináveis. Chego ao fim de gruta e encontro uma entrada para uma caverna. E por fim eu consigo respirar novamente, o ar invadia o local por uma fissura no alto da caverna. Estava meio zonzo devido à má oxigenação em meu corpo, mas me matinha em pé tentando entender o que estava diante de mim. De uma lateral a outra da caverna existia vários espelhos um do lado do outro, formando uma meia lua. Tento entender o porquê teria vários espelhos dentro de uma caverna? Que por sinal estão dentro de mim, dentro de minha consciência. Movido ao meu imediatismo cego, me aproximo dos espelhos laterais. E me deparei com meu reflexo e com as minhas lágrimas, desamparado começo a olhar espelho por espelho. Um a um eu enxergo cenas de minha vida, atitudes, desejos e sonhos meus. Somente um espelho me fez sorrir orgulhosamente, porem, os outros me fizeram chorar desoladamente e até desejar a morte. Desespero-me com algumas das imagens vistas e começo a quebrar todos os espelhos, todos os meus reflexos sombrios se despedaçaram ao chão com meu ataque de fúria. Medos e atitudes que me condenaram ao fracasso, agora são apenas cacos sem vida. E agora sobrou apenas um espelho, um reflexo cheio de luz e esperança. Porem, eu não queria lembrar mais nada, eu não queria ser e ter reflexo algum, esta mistura de emoções me fizeram querer ser invisível diante aos espelhos de minha consciência. Pego uma pedra pesada e arremesso contra meu único reflexo bom, porem ele não se quebrou... Chorei desesperadamente, batendo contra o espelho tentando quebra-lo. Mas nem se quer fiz alguma rachadura. Grito! E dobro meus joelhos diante ao reflexo ainda sem entender...

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